segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Estes nossos Amores, que nos dão dores

E nunca se irão esquecer,
o seu primeiro beijo,
o primeiro toque de desejo,
que o amor veio enaltecer,
estes dois amantes,
como se fosse obra do destino,
estar disposto da forma mais simples.
Quando se é mais do que bonito,
é ser aceite pelo nosso amor,
pois não é de beleza que falo,
mas de tudo que sinto,
por isso não me calo,
como as manhãs do galo,
e digo-o bem alto,
que forte amor,
desejo e emoção,
que sinto neste coração,
como se de um simples desejo se tratasse,
ou de um sentimento que se alcançasse,
dentro do teu próprio ser.
Para ter quando o meu ser quiser ter,
este bem, o amor de ti para mim,
como se trata-se de um desejo sem fim,
como o tempo que passa por mim,
e nada diz sem que leve algo de mim,
um só sopro de desejo neste leito de prazer.
Sei que não por muito tempo,
o desejo se estende,
esperaremos pacientemente que não passe,
pelo fim sem ter um início.


Autoria de: Zé Manuel Barbedo
in compilação dispersa

O Pelourinho do Rossão (séc. XVI)

No meio de um irregular traçado de casas, muito velhas e pequeninas...prostrado do alto de uma formação granítica elevada, defendido por uma muralha de roseiras, amores-perfeitos, malmequeres e hortênsias ...eis que surge airoso o pelourinho...onde à muito se desfraldou a bandeira portuguesa...às mãos do Tio José da Luz...o seu mais zeloso guardador.

Consta que é um monumento do séc. XVI, classificado como Imóvel de Interesse Público (Decreto nº23 122, de 11-10-1933), e faz parte do ciclo
dos únicos pelourinhos existentes em todo o concelho, recordando que apenas subsistem até aos dias de hoje as picotas de Castro Daire, Mões, Campo Benfeito e Alva (Fragmentos).

Embora a recordação dos antigos privilégios municipais tenha praticamente desaparecido...resta ainda o local que se designa por cadeia ou prisão...bem perto desse pequeno largo onde se encontra o pelourinho, que nos dias de hoje serve de habitação, e que foi totalmente alterada no seu delineamento original.




É a seguinte a descrição que Mário Guedes Real nos faz do pelourinho do Rossão, na revista “Beira Alta”, vol. XXIV, 3 , p. 300: “Eis o monumento; sobre uma lage circular- talvez antiga mó de moinho- com cerca de um metro de diâmetro e bordos grosseiramente boleados ou já carcomidos pelo tempo, assenta uma coluna baixa de granito, de secção quadrangular, com as arestas chanfradas na sua maior extensão. O desfazer dos chanfros na parte inferior forma-se a base com quatro faces de 15 centímetros de altura. Superiormente, com idêntico afeiçoamento, destaca-se o remate formado pela parte terminal da mesma peça inteiriça, concordante com a referida base mas um pouco mais alta (20 cm aproximadamente).
O bloco prismático está firmado no centro da peça circular por um robusto espigão com 2 palmos de comprimento, o qual, inferiormente não é mais do que o prolongamento da coluna e que atravessando o olhal da lage, desce para o intervalo existente entre os dois penedos em que repousa o assento da picota. Ao cimo, no remate quadrangular, vê-se uma cavidade em forma de meia-laranja, aberta no centro da pedra. Supomos que primitivamente aí terá existido uma esfera ou bolo de granito a coroar o monumento, à semelhança do pelourinho de Mões. Essa pedra esférica terminal terá desaparecido.”