segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A minha Casa I

Termo da Aldeia
Entre o arvoredo,
Que lua cheia
Tornava prata,
Poisada em flores.

Eis minha casa,
- um ninho em brasa -
A ouvir , senhores,
Vagos rumores
Duma cascata...

Humilde e leve,
De colmo a branquejar, de neve,
- Oh, sonhos meus!
Plena de amor,
Sorrindo à flor,
Tinha o calor
de Deus!
De umbreiras
Trigueiras,
Colmada a duas águas, baixinha, mui pura,
Sorria, modesta, na luz da ternura:
...As flores
...As cores
...Rumores
...Ventura...
Oitões musgosos,
Silenciados,
Rasgados de buracos, par a par,
Por onde a medo entrava o brando luar...
E no beiral
Esfumaçando,
Engolfado no fumo vaporoso,
Um ninho de esplendores, harmonioso,
Dum real pardal,
...Cantando.
E das janelas
Singelas,
A vista se alongava desde a fonte
Aos eminentes cumes , no horizonte:
...Aqui a seara, além a bouça, além o prado...
Mulheres novas a lavar e a cantar...
Por entre moitas, - que verdor! - pastava o gado...
Agonizantes, mil cincerros a tocar
in "Aldeia" de Rodrigues da Cunha

Nenhum comentário: