segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Jardins da Serra

Rosais de amor!
Cantões de amor!
Jardins de amor!
-Já vistes os outeiros e os florões,
As verdejantes costas e os cantões,
Da serra em flor?

Tapadas garridas
De urgeiras floridas,
De giestas floridas,
De tojos viçosos, de cardos ansiosos,
Sargaços dormentes, piornos umbrosos,
Regados por fontes nos matos ditosos,
Por fontes benzidas?
Cada ribada,
Vaga de flores
E resplendores...
Cada silvado,
Níveo rosal...
Todo o valado
Um lindo prado,
Mar encantado,
Céu estrelado,
Terra de amores,
Sonho doirado,
Oh, flores!
Pelos encerros,
Aos intervalos,
Há lírios brancos
A perfumá-los...
E os matagais
A ondular,
Marés de flores
Em preamar...
Pelos maninhos
Cheios de ninhos,
-Oh, que tesoiro!
O carquejal
É colcha real,
Em rosas de oiro!...

Cada lameiro
É um canteiro!...
in "Aldeia" de Rodrigues da Cunha

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