sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Aos portugueses do Brasil

Esta é uma homenagem sentida a todos aqueles que se encontram longe da sua terra...saudosos de um regresso, que por vezes nunca aconteceu...àqueles que distantes levam no seu pensamento a hora de poder voltar ao Rossão... à nossa terra, que mesmo longe nunca esqueçemos... e em particular, a todos os portugueses que partiram do Rossão em busca de um universo de sonhos nas Terras de Vera Cruz...e aos seus descendentes, que sentem na alma o sangue lusitano.

Sentindo da mesma forma por vezes essa distância que me assola, decidi homenagear de uma forma peculiar, os portugueses do Brasil e luso-descendentes, transcrevendo do livro "Moleirinha das Fragas" de Rodrigues da Cunha um trecho que verbaliza estes sentimentos de agradecimento a esses bravos portugueses do Brasil, que carregam o Rossão no seu coração.


Capitulo XXIII

" Depois de se despedir de seu tio Simão, Gariel embarcou em 3ª classe, confundido com centenas de emigrantes, uns e outros sob profunda saudade. Quando o navio levantou ferro, ergeu-se uma nuvem de lenços brancos, tanto no cais como no convés da nave, num arrepio de comoção.

- Adeus!
- Adeus!

E o navio carregado de esperanças, sulcou as águas prateadas do Tejo, sob as asas trementes das gaivotas. Homens rudes, lobos do mar, na faina de pesca, acenavam com os barretes:

- Adeus!
- Adeus!

E Nossa Senhora dos Navegantes, na proa altiva, parecia sorrir, abençoar os pescadores. Depois, o Atlântico. Ondas bravas formavam montanhas, cavavam abismos, rolando. Barquinhos ao longe, de velas enfunadas, semelhavam pétalas esparsas de rosas brancas no livro azul do Oceano.

Caiu a noite incendida de estrelas: pareciam olhos dos anjos a fitar o mundo nos seus anseios e desesperos. Gabriel, recolhido, mal observava o que à volta se desenrolava. O que ele via, através do coração, era a sua doce mulher, os filhinhos mimosos, a sua segunda mãe. E via-os de mãos postas a implorar, a pedir por ele. Então puxava pelo rosário, rezava também. Três semanas de viagem, numa tépida manhã avistou-se Terra de Santa Cruz.


Brasil! enternecido torrão onde a graça medra desde o Amazonas ao Rio Grande do sul, ora na flora virgem, opulenta, polícroma, estonteante de aromas, ora na fauna variegada e rica; não é por teres o peito cravejado de diamantes, ágatas, esmeraldas, ouro, pórfiro e platina, nem por tua fronte vir coroada de gergelim, caroá, cumaru e amendoim que te admiro; nem mesmo por teus lagos repousantes envolvidos de fetos e espargos tropicais, ou por teus portos e cidades. Para além da beleza surpreendente dos teus rios e montanhas, dos teus vales ensombrados e do teu clima tórrido, sub-tropical ou temperado, está a harmonia da palavra igual à nossa, raiz que nos emana de amor e de fé, e porque a tua História é da nossa História; a tua Arte é da nossa Arte; o teu Orgulho a nossa Glória. O Mar, batendo cá e lá, leva e traz o carinho de Portugal e a gratidão do Brasil. E esta gratidão, cantada e recantada pelos teus escritores maravilhosos, poetas admiráveis, políticos insignes, perdurará enquanto o Mar tiver ondas, enquanto o Sol tiver luz. e é por isso que, de um modo especial, os brasileiros recebem os irmãos lusitanos. É por isso que Portugal abraça, dedicadamente, o Brasil."
in "Moleirinha das Fragas" de Rodrigues da Cunha

6 comentários:

Anônimo disse...

a moleirinhas das fragas fez 78 anos no dia 9 de maio
vces sabiam que e uma pessoa que nasceu e vive no rossao?

Anônimo disse...

Obrigado por ter visitado o nosso site!

Obrigado pelas informações adicionais.

Gostariamos de saber quem era a "Moleirinha das Fragas" que vive no Rossão!

Obrigado

Rossão Poesia e Memórias

Anônimo disse...

como e que voces conhecem bem o livro,e o rossao e nao sabem que o livro e uma storia verdadeira e as pessoas esitem de verdade.
a verdadeira moleirinha esiste e como hoje tem 80 anos muito bem portados e vive na casa do canastro.

Anônimo disse...

A "Moleirinha" faleceu no dia 30-07-2014. Paz à sua alma.

Anônimo disse...

A "Moleirinha" faleceu no dia 30-07-2014. Paz à sua alma.

Anônimo disse...

Afinal que era a Moleirinha?