terça-feira, 25 de setembro de 2007

Aldeia



" No sopé da montanha opulenta e gigante,
Junto a um rio modesto,apertado e cantante,

Onde as moitas, fundeiras exaltam a cor,
Bordejadas de amoras ou cardos em flor,

Onde há cómoros verdes em troncos de altar
E, por noites de Junho, o mais lácteo luar,

Entre músicas novas, -(os melros gorjeando)-
E o rezar dos açudes e fontes arfando,

-Eis a aldeia feliz, a serrana ardorosa,
Na labuta cristã, -epopeia gloriosa.

As morenas casinhas, os ninhos ardentes
Da esplanada formosa às campinas virentes.

Os colmados fumegam, - incenso de amor
A esgaçar-se no céu, a abraçar-se na flor!

As janelas estreitas, em musgos, a par,
Por onde entre o suão e o leitoso luar..."


in "Aldeia" de Rodrigues da Cunha

Nenhum comentário: