Joaquim Rodrigues da Cunha.... Grande Alma.... Nasceu na Aldeia do Rossão a 19 de Outubro de 1915, falecendo repentinamente a 7 de Setembro de 1972.
Poeta, Escritor e Padre, falava fluentemente italiano, espanhol, francês, latim e inglês, sendo patente o seu profundo domínio e conhecimento da língua mãe.
Um dos seus atributos " era a enorme simpatia pela Natureza e o amor entranhado à sua terra natal", intitulando-se poeta em acção, descrevia a poesia como " o índice intelectual e moral de um povo", gostava de citar um lírico espanhol , muito do seu agrado: « O poeta faz que o céu se abra sem sombra, sem erro, sem mito». (de Caminhos de Deus)
Estreou-se com o volume " A Aldeia" (1950) onde "canta em verso toda a poesia das aldeias de Portugal" (de A Voz)...mas exclusivamente dedicado à aldeia que o viu nascer....
"Os seus poemas são orações à vida no que ela tem de mais puro e nobre....não é apenas, embora opulento, pintor da natureza ou das almas simples, é um intérprete admirável do que há de sadio e bom no mundo" ( de O Século).
" Descobre-se nele toda a alma da Serra, na sua singeleza e bondade, na religiosidade dos seus costumes, no seu interessante falar..." (de A Voz de LAMEGO).
Em 1956 é editada a primeira obra de género literário intitulada de " A Moleirinha das Fragas", sendo um romance essencialmente rural.
"Nas páginas do seu livro o autor manifesta a mesma inspiração e o mesmo equilíbrio, debruçando-se sobre o mistério rústico da nossa paisagem e dos conflitos da sua cristã e laboriosa população.
Há descrições que são autênticas aguarelas, valorizadas por um estilo fácil e leve, que acentua mais a mensagem de exaltação da vida rústica deste livro e que nos garante a forte e brilhante personalidade de Rodrigues da Cunha" (de O Século).
Mas "o que mais nos seduz neste romance campesino é o seu estilo literário. Rodrigues da Cunha domina a nossa língua como raros escritores de hoje." (do Diário de Notícias).
"Luz na montanha" surge em 1960 tendo como cenário a Aldeia de Picão, narrando a epopeia de um presbítero ao serviço de uma paróquia com toda a tradicional gente das beiras...sendo cada personagem caracterizada com estilo inconfundível.
A sua última obra " A Fidalga do Balsemão" sendo editada em 1966, corrobora os dotes de domínio da linguagem e descrição, aproximando-se de um género literário ao estilo de Camilo Castelo Branco.
Toda a vida deste Poeta foi dedicada essencialmente ao progresso e engrandecimento da sua amada terra: o Rossão, tendo personalidade dinâmica, por onde passou deixou sua "marca" e edificação num estilo inconfundível. No Rossão ainda hoje é lembrado como Homem a quem se deve muito....
Incontornável diplomata, possibilitou a viabilização de muitos projectos nomeadamente na área da Educação com a construção da Escola Primária...a vinda das linhas telefónicas... os correios...e construção de vias de acesso sem as quais o Rossão ficaria isolado... Por tudo isto e pelo Amor dedicado à Terra...muito Obrigado em nome do povo do Rossão.
Do mesmo modo entusiástico e empreendedor... constrói em Vila Nova de Paiva, terra onde foi pároco, o Colégio de Santa Maria e funda o boletim paroquial o " O Correio do Paiva".
Em 1951 ganha o primeiro prémio no concurso "Poesia Heróica", em 1947 com o tema "Ressureição" obteve o segundo lugar e no Certame Internacional de Sevilha com a poesia "Matinas", obteve vários louvores.
Consta que próximo da seu desaparecimento...ainda escrevia uma obra literária que nunca terminou...apenas alguns rascunhos...que acabaram por ser queimados...
O Poeta, esse jaz em modesta campa rasa do cemitério de Gosende, uma cruz com seu nome à cabeceira, à sombra dum cipestre muito verde. Por cima da lápide sepulcral, livro de mármore aberto ao meio, o epitáfio que Rodrigues da Cunha escrevera em a Luz da Montanha, para uma das figuras mais simpáticas do romance:
«REPOUSA NO SENHOR, ALMA SERRANA, TÃO GRANDE COMO O FIRMAMENTO»